quarta-feira, 29 de abril de 2009

Esse amor incondicional...



O coração não queria, fingia não perceber que faltava equilíbrio em meio ao sentimento que nos unia. Sensações se misturavam. Ao mesmo tempo em que a felicidade e a paixão causavam em mim um suspirar suave, a inquietude da insegurança florescia e me machucava por dentro. De um lado um amor que já nasceu incondicional e predestinado a ser eterno. Do outro um sentimento de querer bem, talvez uma paixão confusa, ou até uma semente de amor que não conseguia romper a barreira chamada medo. Esse medo, sentimento abstrato, era tanto que se tornava perceptível aos olhos, ouvidos e ao paladar, com um gosto amargo.
E com essa confusão e desequilíbrio de sentimentos o fim que parecia impossível chegou. O destino parecia ir contra e beleza desse sentimento. Mudanças nos levaram para longe, os objetivos eram diferentes, as vontades e o próprio sentimento talvez também fossem. Aceitei, mas não entendi. Chorei uma dor tão forte como nunca imaginei sentir. Mágoas se alojaram em meu peito. Mas o amor era tão profundo, tão mais forte que não se deixava ofuscar pelas feridas causadas pela perda, pelo término de um sonho, pela tristeza da solidão. Eu bem que tentava. Queria arrancar de mim aquele amor que havia me feito sorrir muito, mas que naquele momento, apenas me feria e me apagava aos poucos.
Tentei esquecer, tentei disfarçar, cheguei até a pensar que o coração havia superado todo o sofrimento e que o sentimento puro e verdadeiro havia se dispersado.

A ação do tempo me trazia força. Tentei trocar a doçura do amor pela aspereza da raiva.

Calei meus ouvidos à voz do coração. Apenas a razão era ouvida. Consegui enfim adormecer no meu peito aquele sentimento que até então estava presente em cada partícula do ar que eu respirava. Acreditei até que ele tivesse ido embora, quase todo.

Foi quando o destino se mostrou imprevisível e me levou para perto daquele que era o dono de toda aquela história. Uma doce esperança tomou conta do meu coração naquele instante. Um reencontro me fez sorrir novamente. Um telefonema, um convite. Tentei... mas não pude recusar.

Diante mais uma vez de você, não me permiti iludir. Não queria mais aquele amor, mas queria você. O medo tentou impedir, mas perdeu a batalha no breve momento em que você pegou em minha mão e me pediu um beijo. Tentei inutilmente resistir. Meu coração, que se mostrava inquieto e aflito, se fez sereno, seguro de que sabia o lugar dele. Você, com delicadeza, leu nos batimentos do meu coração a confiança de que aquele amor ainda era seu. E, me trazendo pra junto do peito, me pediu para voltar. Foi um instante, segundos, o suficiente para reviver toda a história, as alegrias e os momentos de dor que chorei sozinha. Avaliei a intensidade do meu sentimento e percebi que o amor não havia morrido. Estava muito ofuscado pelo tempo, pela distância, pela ausência e pelas mágoas, principalmente por elas. Mas, estava vivo. Já não parecia tão incondicional, é verdade.
Mas o amor, verdadeiro, logo se demonstrou. O medo persistiu, mas perdeu a batalha. Meu coração, na verdade, nunca deixou de querer você.
Hoje, acredito até que foram eles, os anjos, quem nos separaram já que, sábios operários de Deus, entenderam que aquele momento em que nos conhecemos não era a hora de nosso encontro. Tínhamos que aprender e evoluir espiritualmente para nos completar. E acima de tudo, tínhamos que nos separar para entender que nossas almas não podem ficar distantes.
Tudo isso só me traz a certeza de que nossas vidas se reencontraram para formar apenas uma. De que o nosso amor agora sem confusão, sem medos, segue na mesma intensidade, com uma harmonia que me faz acreditar que nascemos um para o outro.
Juntos, sei que vamos permanecer oferecendo a mais plena felicidade um ao outro, por mais difícil que possa parecer o caminho diante de nós.

Te amo, meu amor.