terça-feira, 19 de janeiro de 2010

CRUELDADES DA VIDA REAL

Homem que amarra, tortura, prende em um freezer e deixa em agonia até a morte a mulher a quem prometia amor... mãe que joga contra a parede o próprio filho, a quem gerou e lutou e sofreu junto para que sobrevivesse depois de uma gravidez delicada e parto prematuro... bombeiro que tem a vida arrancada num momento tão nobre, num salvamento a um motorista ilhado na enchente, um herói arrastado pela força da água... São tantas as tragédias, verdades tão duras, dolorosas, histórias diferentes nos detalhes, mas iguais na essência. São fatos que chocam e causam repulsa naqueles mais delicados, sensíveis ou em quem acredita que mudar de canal faz do mundo melhor. Infelizmente não. A crueldade existe, está mais perto de nós do que podemos imaginar. É comum ouvir, de quem enfrenta isso dentro de casa, que jamai imaginou que pudesse ser um personagem de crimes ou mortes assim. Também sai da boca de um parente de vítima que "só conhece a dor quem viveu". É verdade. Para quem não sente na pele fica difícil ter a certeza da grandeza de um sentimento como esse. Mas, ouvir, conversar, entrevistar, estar perto dos familiares de vítimas do mundo real, momentos após essas tragédias, nos transmite uma forte noção desse sofrimento.
É preciso ser forte, saber separar a vida pessoal do trabalho, manter-se serena, isolar o coração... é preciso, talvez o ideal... mas 100% é impossível. Considero que tenho uma grande capacidade de não me permitir abalar, deprimir, com os fatos que cubro diariamente. Mas, normalmente, carrego um pedaço de cada realidade comigo. Num pensamento, num aprendizado, numa experiência de crescimento interior.
É preciso encarar a realidade, saber que mentes cruéis caminham pela cidade, a passos como os nossos. E nunca sabemos onde a brutalidade pode se anunciar ou concretizar. Mas, abrir os olhos para verdades assim nos ensina a, no mínimo, desconfiar de possíveis sinais... ensinam também a dar valor para coisas realmente importantes como o respeito, o amor, a moral e a dignidade.

NATUREZA DO CORAÇÃO

(Mexendo em gavetas encontrei um texto escrito numa página central de um caderno, em 14 de março de 2005... uau, quase cinco anos. Resolvi publicar e dividir com você o que eu sentia na época...)



"O cheiro do ar fresco, o verde vivo das plantas, o colorido da natureza... tudo isso é simplesmente belo, sensívelmente encantador, mágico, precioso... e assim nos faz emocionar enquanto viajamos em nossos pensamentos. Pensamentos sobre sentimentos... sentimentos do coração.
E o coração? Ah, o coração! Esse fala por si só. No instante em que os olhos observam a magnitude da natureza, a mente se agita numa mistura de contemplação da paisagem e sensações causadas por saudade de momentos vividos, e que não voltam mais, e por ansiedade do que se espera. Da mente ao coração, do coração à mente.
É o coração a caixa de tudo isso. O coração sente e a mente traduz, O coração sente e a boca expressa, o coração sente e os olhos choram. Mas, é o coração mesmo quem sente a dor quando o ouvido recebe as palavras duras, quando os olhos flagram imagens tristes ou quando a mente se encontra em pensamentos perdidos.
E assim o coração vive... mas não só. O coração precisa sempre de outro para 'sentir junto'... e viver... e amar... e ser amado."


(Foto: Fabíola Figueiredo / Edição de foto: Stephan Solon)