terça-feira, 19 de janeiro de 2010

CRUELDADES DA VIDA REAL

Homem que amarra, tortura, prende em um freezer e deixa em agonia até a morte a mulher a quem prometia amor... mãe que joga contra a parede o próprio filho, a quem gerou e lutou e sofreu junto para que sobrevivesse depois de uma gravidez delicada e parto prematuro... bombeiro que tem a vida arrancada num momento tão nobre, num salvamento a um motorista ilhado na enchente, um herói arrastado pela força da água... São tantas as tragédias, verdades tão duras, dolorosas, histórias diferentes nos detalhes, mas iguais na essência. São fatos que chocam e causam repulsa naqueles mais delicados, sensíveis ou em quem acredita que mudar de canal faz do mundo melhor. Infelizmente não. A crueldade existe, está mais perto de nós do que podemos imaginar. É comum ouvir, de quem enfrenta isso dentro de casa, que jamai imaginou que pudesse ser um personagem de crimes ou mortes assim. Também sai da boca de um parente de vítima que "só conhece a dor quem viveu". É verdade. Para quem não sente na pele fica difícil ter a certeza da grandeza de um sentimento como esse. Mas, ouvir, conversar, entrevistar, estar perto dos familiares de vítimas do mundo real, momentos após essas tragédias, nos transmite uma forte noção desse sofrimento.
É preciso ser forte, saber separar a vida pessoal do trabalho, manter-se serena, isolar o coração... é preciso, talvez o ideal... mas 100% é impossível. Considero que tenho uma grande capacidade de não me permitir abalar, deprimir, com os fatos que cubro diariamente. Mas, normalmente, carrego um pedaço de cada realidade comigo. Num pensamento, num aprendizado, numa experiência de crescimento interior.
É preciso encarar a realidade, saber que mentes cruéis caminham pela cidade, a passos como os nossos. E nunca sabemos onde a brutalidade pode se anunciar ou concretizar. Mas, abrir os olhos para verdades assim nos ensina a, no mínimo, desconfiar de possíveis sinais... ensinam também a dar valor para coisas realmente importantes como o respeito, o amor, a moral e a dignidade.

Um comentário:

  1. Adoro seus textos! Sempre cheios de sensibilidade, sutileza e uma incrível habilidade com as palavras.

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